segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Avaliações externas e internas da escola: aspectos introdutórios

Avaliações externas e internas da escola: aspectos introdutórios

Prof. Izaias Resplandes de Sousa

A avaliação é uma atividade necessária em todas as etapas do processo educacional. Permite que se estabeleça um valor quantitativo ou qualitativo do trabalho que está sendo realizado ou que se realizou.

A avaliação tem a função de nos dizer se o objetivo preestabelecido foi alcançado e, em caso negativo, nos dizer porque não foi, de forma a reorientar no prosseguimento das ações.

A avaliação reflete sobre o nível do trabalho do professor como do aluno, por isso a sua realização não deve apenas culminar com atribuição de notas aos alunos, mas sim deve ser utilizada como um instrumento de coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos. Esta, porém, determina o grau da assimilação dos conceitos e das técnicas/normas; ajudam o professor a melhorar a sua metodologia de trabalho, também ajuda os alunos a desenvolverem a autoconfiança na aprendizagem do aluno; determina o grau de assimilação dos conceitos.
A motivação do docente no ensino e a sua adequada formação deve dar o direito de comunicar ou se expressar, representando algo que seja para a criança se comunicar a partir do vocabulário formal a partir de uma linguagem "normalizada" determinada pela sua evolução mental, com capacidades para descobrir, investigar, experimentar, aprender e fazer, aprofundando os seus conhecimentos no domínio da natureza e da sociedade.

Conceitos

Segundo o professor Cipriano Carlos Luckesi, citado por LIBÂNEO (1991; p196) "a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho."
Para GOLIAS (1995; p90) a avaliação é "entendida como um processo dinâmico, contínuo e sistemático que acompanha o desenrolar do ato educativo".
"avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento dos alunos, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas de planificação do trabalho e da escola como um todo" PILETTII (1986; p. 190).
LIBÂNEO (1991; p. 196) define "avaliação como uma componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, a determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes".
NÉRICI (1985; p. 449) "relaciona avaliação com a verificação de aprendizagem pois, para ele, a avaliação é o processo de atribuir valores ou notas aos resultados obtidos na verificação da aprendizagem".

Objetivos da avaliação

Todas as atividades realizadas no dia a dia tem a pretensão de alcançar um objetivo geral e alguns objetivos específicos.
Os objetivos gerais são aqueles que tratam do desenvolvimento do indivíduo como um todo, tanto no domínio cognitivo e afetivo, como também no psicomotor.
Os objetivos específicos correspondem a atividade que se deve observar na avaliação. Devem ser expressos através de verbos convenientes.
A avaliação só é possível através de um bom planejamento. Sempre que o professor avalia o discente, necessita replanejar as aulas e usar novos métodos pedagógicos, dependendo das dificuldades apresentadas pelos alunos durante o processo de ensino e aprendizagem.

Importância da avaliação

A importância da avaliação reside na sua função social e pedagógica. A avaliação tem a função diagnóstica, pedagógico-didática e de controle.
Na função diagnóstica, o professor identifica as dificuldades do aluno e os seus conhecimentos prévios. Ela também ajuda o professor a constatar as falhas no seu trabalho e a decidir sobre a passagem ou não para uma nova unidade temática. Aponta ao aluno os pontos em que precisa melhorar.
A função pedagógico-didática se refere ao papel da avaliação no cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação escolar. Permite um reajustamento com vista à prossecução dos objetivos pedagógicos pretendidos, ao mesmo tempo favorece uma atitude mais responsável do aluno em relação ao estudo, assumindo-o como um dever social; contribui para a avaliação, para correção de erros de conhecimentos e habilidades e o desenvolvimento de capacidades cognitivas.
A função de controle controla o PEA, exigindo mais dos professores, pois a observação visa investigar, identificar os fatores do ensino, fazendo com que o professor se adapte aos diferentes comportamentos dos alunos. Permite que haja um controle contínuo e sistemático no processo de interação professor-aluno no decorrer das aulas.

Características da avaliação educacional

  • Reflete a unidade: objetivo/conteúdo/método: o aluno precisa saber para o que está trabalhando e no que está sendo avaliado e quais serão os métodos utilizados.
  • Revisão do plano de ensino: ajuda a tornar mais claro os objetivos que se quer atingir, onde o professor à medida que vai ministrando os conteúdos vai elucidando novos caminhos, ao observar os seus alunos, o que possibilitará tomar novas decisões para as atividades subsequentes.
  • Desenvolve capacidades e habilidades: uma vez que o objetivo do processo ensino e aprendizagem é que todos os alunos desenvolvam as suas capacidades físicas e intelectuais, sua criticidade para a vida em sociedade.
  • Ser objetiva: deve garantir e comprovar os conhecimentos realmente assimilados pelos alunos, de acordo com os objectivos e os conteúdos trabalhados.
  • Promove a auto-percepção do professor: permite ao professor responder questões como: Os meus objetivos são claros? Os conteúdos são acessíveis, significativos e bem dosados? Os métodos são os mais apropriados aos meus "clientes"? Ajudo bem aos que apresentam dificuldades de aprendizado?

Tarefas da avaliação

As diversas tarefas da avaliação do PEA são as seguintes:
  1. Conhecer o aluno: Pode-se orientar e guiar o aluno no processo educativo avaliando-o, para melhor conhecer a sua personalidade, atitude, aptidões, interesses e dificuldades, para estimular o sucesso de todos.
  2. Verificar os ritmos de progresso do aluno: É a coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos através de provas, exercícios ou de meios auxiliares, como observação do desempenho e entrevista, para verificar se houve um progresso do aluno desde o ponto de partida da aprendizagem até ao momento. O professor pode organizar um caderno para anotar a progressão dos alunos em cada período.
  3. Detectar as dificuldades de Aprendizagem: Ao avaliar, o professor pode detectar algumas dificuldades dos alunos. Também pode apontar as dificuldades no caderno. Por exemplo, o Carlos tem "problemas na representação do afastamento ou cota de um ponto", escreve corretamente e conhece bem a Gramática. Este registo deve ser acompanhado de modo a superar as dificuldades.
  4. Orientar a aprendizagem: Os resultados obtidos pela avaliação devem ser utilizados para corrigir, melhorar e completar o trabalho. Com base nesses resultados deve, na medida do possível, adequar o ensino de forma que a aprendizagem se torne mais fácil e eficaz.

Etapas da avaliação

Durante o PEA podemos encontrar as seguintes etapas:
  • Determinar o que vai ser avaliado;
  • Estabelecer os critérios e as condições para a avaliação;
  • Seleccionar as técnicas e instrumentos de avaliação;
  • Realizar a aferição dos resultados.

Métodos de avaliação

Existem várias técnicas e instrumentos de avaliação:
  • Para a avaliação diagnóstica, como técnica pode se utilizar o pré-teste, a ficha de observação ou qualquer instrumento elaborado pelo professor para melhor controle.
  • Para avaliação somativa, encontramos os dois instrumentos mais utilizados que são as provas objetivas e subjetivas.
  • Para avaliação formativa, temos como técnicas a observação de trabalhos, os exercícios práticos, provas, etc.
Tipos de avaliação:
1. Avaliação diagnóstica: Este tipo de avaliação realiza-se no início do curso, do ano letivo, do semestre ou trimestre, da unidade ou de um novo tema e pretende verificar o seguinte:
  • Identificar alunos com padrão aceitável de conhecimentos;
  • Constatar deficiências em termos de pré-requisitos;
  • Constatar particularidades.
2. Avaliação formativa: Esta avaliação ocorre ao longo do ano letivo. É através desta avaliação que se:
  • faz o acompanhamento progressivo do aluno;
  • ajuda o aluno a desenvolver as capacidades cognitivas, ao mesmo tempo fornece informações sobre o seu desempenho;
  • informa sobre os objetivos, se estão ou não sendo atingidos pelos alunos;
  • identifica obstáculos que estão a comprometer a aprendizagem;
  • localiza deficiências e/ou dificuldades na aprendizagem.
3. Avaliação somativa: Esta avaliação classifica os alunos no fim de um semestre ou trimestre, do curso, do ano letivo, segundo níveis de aproveitamento. Tem a função classificadora (classificação final).

Tipos de testes

A verificação e a quantificação (avaliação) dos resultados de aprendizagem no início, durante e no final das unidades visam sempre diagnosticar e superar dificuldades, corrigir falhas e estimular os alunos para que continuem se dedicando aos estudos. Durante o desenvolvimento da aula acompanha-se o rendimento dos alunos por meio de exercícios, estudos dirigidos, trabalhos em grupo, observação do comportamento, conversas, recordação da matéria.
Provas orais: Realizam-se na base do diálogo entre professor e o aluno, obedecendo os seguintes critérios:
  • Criar condições favoráveis para que os alunos se sintam à vontade.
  • Criar uma conversa amigável com o aluno para que ele se sinta à vontade.
  • Feita a pergunta, deve-se dar tempo para que esta seja objeto de reflexão.
  • O professor deve fazer perguntas claras precisas, diretas e formuladas de maneira pensada.
Provas escritas: Estas provas podem ser usadas em qualquer aula e no início da aula seguinte para o professor certificar-se sobre o que o aluno aprendeu e então, saber que rumo dar aos trabalhos da nova aula, ou seja, se é para repetir, retificar ou prosseguir, conforme a situação vivida no momento quanto ao saber, saber fazer e saber ser, estar nos alunos. Costuma-se fazer nessas provas uma atribuição de notas ou classificação, as quais vão determinar a aprovação e reprovação do aluno.
Provas práticas: Neste tipo de prova o aluno é posto diante de uma situação problemática que há de ser resolvida por uma realização material com um conhecimento de elementos visuais.

Critérios de avaliação

A avaliação deve obedecer os seguintes critérios:
  • Tem que ser benéfica;
  • Deve ser isenta de parcialidade, justa e uniforme.
  • Deve ser global;
  • Deve ser eficaz na produção e mudanças no comportamento;
  • Deve estar ao alcance dos alunos;
  • O processo de avaliação deve ser aberto;
  • As conclusões finais devem ter certa validade e longo prazo.
  • Deve ser praticável e não deve ser incômoda e inútil.
Os critérios da escolha das técnicas e instrumentos de avaliação dependem:
  • Dos objetivos de avaliação;
  • Dos meios,
  • Dos conteúdos/complexidade da matéria;
  • Do tempo disponível/duração;
  • Do número de alunos na turma;
  • Do tipo do aluno;
  • Da idade dos alunos;
  • Das condições da sala de aula.

Modelo tradicional e adequado da avaliação

Gadotti (1990) diz que a avaliação é essencial à educação, inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão, sobre a ação. Entende-se que a avaliação não pode morrer. Ela se faz necessária para que possamos refletir, questionar e transformar nossas ações. O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam como forma de controle e de autoritarismo por diversas gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem. A forma como se avalia, segundo Luckesi (2002), é crucial para a concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor traça uma comparação entre a concepção tradicional de avaliação e uma mais adequada aos objetivos contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua adoção.

Comparação dos dois modelos de avaliação

1. Visão tradicional
  • Ação individual e competitiva
  • Concepção classificatória
  • Apresenta um fim em si mesma
  • Postura disciplinadora e diretiva do professor
  • Privilégio à memorização
  • Pressupõe a dependência do aluno.
2. Modelo adequado
  • Ação coletiva e consensual
  • Concepção investigativa e reflexiva
  • Atua como mecanismo de diagnóstico da situação
  • Postura cooperativa entre professor e aluno
  • Privilégio à compreensão
  • Incentiva a conquista da autonomia do aluno.

Bibliografia


  • SILVA, Vilson Ferreira da. Avaliação da aprendizagem escolar no ensino fundamental. Florianópolis: Bookess Editora, 2010. ISBN 9788580450101
  • BORDENAVE, Juan Dias & PEREIRA, A. Martins; Estratégias de Ensino-Aprendizagem.
  • FIRME, T. P. (1994) Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Rio de Janeiro.
  • LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. 14ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.